Dia 05 de julho

 

 

EM NOVIDADE DE VIDA

 

 

Li certa vez num artigo, não me lembro onde, o testemunho de um irmão do passado, um desses considerados "pais da fé", que o nosso "EU", permanece em oposição contra a Pessoa de Cristo que é a nossa vida, até o fim da vida do cristão.

Ele não dizia isto anulando a obra redentora e salvadora de Cristo naquela cruz, mas de um processo para alcançarmos, como diz Paulo em Filipenses 3, aquilo para o que também fomos alcançados por Cristo.

Na época estava no início da minha caminhada cristã e não levei muito em conta esse testemunho, mas hoje, cerca de 20 anos depois, se não enxergarmos o que diz este texto de Hebreus 12, no verso 1 com clareza, ficaremos muito tempo embaraçados: "Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta".

Antigamente, quando estávamos na carne, o pecado habitava em nós e éramos escravos dele: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus... Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram" Romanos 3.23; 5.12.

Uma vez que fomos regenerados e libertos pelo Senhor, o pecado não tem mais domínio sobre nós, mas ele nos assedia de perto, nos rodeia: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós... E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça" Romanos 6.14, 18.

O embaraço e o pecado que tão tenazmente nos assedia não está no mundo ou no diabo, eles estavam mais pertos do que a gente imaginava; estavam em nosso "EU", na nossa carne que é oposta ao Espírito: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" Romanos 8.7.

Ela está sempre em oposição ao Espírito, mas naqueles que são nascidos do Espírito, e que andam no Espírito, que se revestem dEle, pode descansar em seu cuidado: "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências" Romanos 13.14.

O nosso "EU" deseja a satisfação, o deleite, as bênçãos, o reconhecimento e todas as benesses que o Senhor puder dar. Ele deseja tudo isto, mas a inclinação da nossa carne sempre será morte, a do Espírito sempre são vida e paz (Romanos 8.6). Jesus nos ensinou como devemos andar cada dia de nossa vida, enquanto estivermos atrelados a  este corpo de morte como diz o apóstolo Paulo: "E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me." Lucas 9.23.

O irmão Paulo também nos ensina isto quando diz: "Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos" II Coríntios 4.10.

Nossa carne não é sujeita a lei de Deus, mas todo aquele que nasceu do Espírito não está mais na carne, e sim no Espírito: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" Romanos 8.9.

O que é nascido da carne é carne, somente carne, mas o que é nascido do Espírito é espírito (João 3.6). Podemos ainda estar nesta carne mortal, falível, fraca, e cheia de inquietação, mas maior é o que está em nós, do que aquele que está no mundo.

Não podemos negligenciar que em nossa carne não habita bem algum, mas é necessário crermos que Cristo habita em todo filho de Deus. Não temos que lutar contra a carne; a nossa necessidade é saber e crer que ela já foi derrotada por Cristo naquela cruz: "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado" Romanos 6.6, e que vivemos pela vida da ressurreição (Efésios 2.5-6).

Sabedores disto, não confiemos em nossa carne, nem nos estribemos em nosso próprio entendimento. Não vivemos mais, agora é Cristo quem vive em nós. A vida que agora vivemos nesta carne, vivemos pela fé do Filho de Deus, que nos amou e a si mesmo se entregou por nós (Gálatas 2.20).

Apesar da Graça não requerer de nós nenhum pagamento, é necessário crescermos nela (II Pedro 3.18). Temos agora uma dívida de amor para com o Senhor e de sujeição para com o Espírito por causa da obra consumada: "De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" Romanos 8.12-14.

Portanto, deixando todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12.2); despojando das coisas do velho homem, pois já nos vestimos do novo: "Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" Colossenses 3.8-10.

Como disse Jesus, a nossa carne é fraca, mas o nosso espírito está pronto. Não confiemos na carne; revistamo-nos de Cristo, e a nossa carne não achará mais ocasião. Andemos em novidade de Espírito, em novidade de Vida, e prossigamos para o alvo, para o prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo. Amém.

Retornar