Dia 27 de dezembro

 

 

PARTE I

"O meu amado é meu, e eu sou dele;...".

Cântico dos Cânticos 2.16.

 

Já ouvi no meio evangélico, que o Livro de Cantares é uma poesia, e não deveria estar na Bíblia. Outros o ignoram, por acharem pornográfico. Para os que estão sem revelação do Espírito de Deus, toda a Escritura é mais que pornográfica, ela é absurda, é loucura. Verdadeiramente, as coisas de Deus parecem loucura para os que perecem: "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" I Coríntios 2.14.

Toda a Escritura é divinamente inspirada por Deus, e útil (II Timóteo 3.16). Toda ela é pura, é um escudo para os que nela confiam (Provérbios 30.5). Não podemos acrescentar, nem tirar nada dEla, caso contrário, seremos repreendidos por Deus, e achados mentirosos (Provérbios 30.6).

São muitas as preciosidades no Livro de Cantares, porque nele temos a revelação do noivo Jesus, com a sua noiva: a Igreja. Encontramos muitas expressões de carinho e amor de um para com o outro. O Livro de Cantares mostra de uma forma bem clara, o crescimento espiritual do cristão, a visão da Igreja de Cristo, e o cuidado dEle com a sua noiva: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" Efésios 5.25-27.

Não vamos fazer um estudo sobre esse Livro, mas vamos atentar para três textos. O primeiro é: "O meu amado é meu, e eu sou dele". Esse é o primeiro entendimento que temos quando nascemos de novo, quando principiamos nossa vida cristã. Neste início de caminhada, é muito evidente o primeiro amor. Tudo é com muita alegria, muitas novidades; mas por outro lado, só vemos a nós, e o que recebemos de Deus: "O meu amado é meu". Dizemos: - Cristo é minha vida, Ele é meu, eu agora sou um filho de Deus. Sou mais do que vencedor, posso todas as coisas, gozo de todo benefício dessa Pessoa de Cristo em mim; estou reinando em vida por Jesus Cristo.

É verdade que participamos de tudo isso, mas achamos que somos o centro de tudo. Que somos o único objeto do amor de Deus. Achamos que somos a coisa mais importante no Reino de Deus. Somos também influenciados a tomar posse de todas as promessas de Deus. Somos influenciados, e influenciamos aos outros para seguirem nesse egoísmo. Dizemos: - Se Deus não poupou nem ao seu próprio Filho, mas antes entregou por nós, como não nos dará com Ele todas as coisas? O que desejamos nesse tempo, não é Ele, mas todas as coisas que o Pai possa dar.

No princípio da nossa vida cristã, o EU é quem fica em evidência. Eu posso, eu quero, eu tenho, é meu, o meu, e etc... Para não deixarmos completamente de fora o nosso amado, lembramos de dizer também: "e eu sou dEle". No princípio, somos dEle só de boca. Eu digo que sou dEle, para não parecer que sou egoísta demais. Acreditamos nesse tempo, que o Senhor precisa de nós, do nosso empenho, da nossa dedicação à obra, do nosso esforço e diligência.

Andamos assim, até que o Espírito começa a mortificar as obras do corpo: "De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" Romanos 8.12-14. Vivemos assim, até nossos olhos serem abertos pelo Espírito, que não vivemos mais, mas Cristo é quem vive em nós (Gálatas 2.20).

A partir daí, começamos a mudar nossa posição. Invertemos para: "Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu" Cântico dos Cânticos 6.3.

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