A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE X

O MINISTÉRIO SACERDOTAL

 

O ALTAR DE OURO, DE INCENSO

 

A última mobília que iremos ver com a graça e misericórdia do Senhor, que estava no tabernáculo e no templo é o altar de ouro, o altar de incenso. Como vimos anteriormente, havia no pátio externo o altar de bronze. Sobre este altar eram feitos os sacrifícios, o que nos fala da obra sacrifical de Cristo, e do ministério sacerdotal aos pecadores que estão se achegando a Deus. Agora, no santíssimo temos o altar de ouro que representa outro ministério sacerdotal dos santos na Casa de Deus que são as orações, as intercessões.

Este altar ficava defronte da arca da aliança, depois do véu que separava o santo do santíssimo lugar. O altar de ouro era cuidado pelo sumo sacerdote, o que nos mostra o ministério intercessor de Cristo (Hb. 7.25). O altar de incenso por estar no santíssimo mostra também o ministério de adoração e intercessão de Cristo em comunhão com a Igreja, porque o véu que separava foi rasgado. Ele é o ministério pessoal de Cristo hoje como o nosso Sumo Sacerdote, e dos santos que já dormiram em Cristo (Apoc. 6.9-10).

O altar do incenso era a peça mais alta de todas as outras mobílias. Ela era quadrada e tinha quatro argolas nos cantos para serem transportadas (Êx. 30.2-4). Isto nos mostra que ela não só incluem os santos aqui na terra, como também os que estão no céu. As argolas mostram que o altar poderia ser carregado de ambos os lados. Debaixo do verdadeiro altar de ouro, aquele que está no tabernáculo celestial é que estão as almas dos filhos de Deus que já dormiram em Cristo e que aguardam a redenção do seu corpo (Apoc. 8.3). Cristo é ministro e Sumo Sacerdote deste verdadeiro santuário como já vimos (Hb. 8.1-2).

Como é precioso quando enxergamos a Casa de Deus de forma espiritual! Só os principados e potestades podem ver na totalidade a multiforme sabedoria de Deus através da Igreja. Como podemos nós ou o homem ver com os olhos físicos esta Igreja se ela compõe toda a família de Deus nos céus e na terra? Também só o nosso Sumo Sacerdote pode percorrê-la para ministrá-la na sua totalidade através de todos os santos. A Igreja não é para o homem, mas para Deus, e no seu todo só pode ser vista pela fé. O cabeça e parte da Igreja nos céus, e os seus pés, isto é, o restante do seu corpo tocando aqui na terra (Ef. 3.15, 1.22-23, Atos 7.49).

Este altar representa tudo o que nós sacerdotes alcançamos por graça na comunhão com o Pai, com o seu Filho e com os santos na Luz da sua Palavra pelo Espírito. A oração dos santos é para Deus o verdadeiro ministério sacerdotal no que diz respeito ao culto e comunhão através de Cristo. Antes não podíamos entrar no santíssimo lugar porque havia um véu que separava, mas agora não há mais o véu, e as orações fazem parte do ministério sacerdotal que se faz a Deus e aos homens pela vontade de Deus, mas tudo na Presença do próprio Deus.

Hoje podemos entrar no santíssimo lugar pelo sangue de Jesus, pelo caminho novo e vivo que Ele nos inaugurou, porque um dia Ele mesmo se ofereceu, e tomou o incensário e o incenso aromático e levou para dentro do véu, e encheu o lugar santíssimo de aroma suave quando disse: "E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim" João 17.19-23.

O altar de incenso é o testemunho precioso da obra que Cristo realizou na cruz. Não há mais nada que impede um pecador de receber perdão e justificação, mas o altar de incenso que ficava no santíssimo, que agora temos livre acesso como sacerdotes reais é o testemunho da nossa glorificação (Rom. 8.30). Este altar antes era ministrado somente pelo sumo sacerdote; isto nos ensina que este ministério era somente de Cristo, mas agora também é em comunhão conosco, porque o véu não separa mais.

É no altar de incenso que os filhos de Deus levam a Deus em adoração o que foi ministrado no santo lugar, como também o que foi ministrado no átrio e no arraial em favor dos homens, como cheiro agradável, santo e puro ao Senhor (Êx. 30.35). Este é o bom perfume de Cristo que são exalados pelos santos. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo (II Cor. 2.14-15). Mas como na especiaria do incenso havia ingredientes doces e amargos, Cristo em nós é cheiro de vida e cheiro de morte. Vida para os que se salvam e morte para os que se perdem. Salvação e juízo.

O altar de ouro também mostra a culminação da vida de um sacerdote real, que na purificação dos pecados pela luz da comunhão (I Jo. 1.5), pode se achegar ao altar de ouro e ser cheiro agradável ao Senhor. No altar não pode haver cheiro do homem, somente de Cristo. O altar de ouro é lugar somente para os santos que andam na luz, para os que têm os corações purificados da má consciência e o corpo lavado com água limpa (Hb. 10.22), em comunhão com os espíritos dos justos aperfeiçoados e Cristo.

Nem todos chegarão a este altar, mas o Senhor quer nos mostrar pelas medidas das portas a sua vontade. Tanto a entrada do pátio, como a entrada do santo e a do santíssimo totalizavam 100 côvados. Isto nos ensina que Deus deseja que entremos na vida cristã, no sacerdócio e na vida santa de forma plena. É fato que não podemos entrar em Cristo apenas com uma porcentagem que não seja 100%, mas Deus não quer que fiquemos no átrio, mas entremos por Cristo para uma vida santa e também gloriosa. Deus com isto mostra que deseja que todos cheguem para ministrar coisas espirituais e para oferecer incenso, mas nem todos estão dispostos a tomar a sua cruz e perder a sua vida.

No altar de incenso nenhuma petição pode ser própria, nada do que é do homem pode ser oferecido, somente o que é suave e agradável ao Senhor. O incenso do altar de ouro não é para nós mesmos; não é para o nosso proveito, mas é santo e puro ao Senhor (Êx. 30.37). Não que Deus não sinta o cheiro quando é do homem, mas será considerado como incenso estranho (Êx. 30.9); será reconhecido como para deleite do homem e não de Deus (Tg. 4.3). Pensamos que toda oração é para pedir algo a Deus, mas o altar de ouro nos mostra que aqui o cheiro é suave a Deus e não a nós. Creio que esta oração que chega com suave cheiro e agradável ao Senhor nunca é para os nossos próprios interesses, mas sempre ao Senhor, e aos do Senhor em favor dos outros. Deve ser segundo a vontade de Deus (I Jo. 5.14).

Para nos achegarmos ao altar de incenso para oferecer cheiro agradável ao Senhor em nossas orações, orações que é o seu contentamento (Pv. 15.8), tudo o que é do homem, seja o pecado, seja o seu EU deve ser tratado antes no átrio ou no santo lugar. Deus só pode aceitar a comunhão das nossas orações com Cristo e com os espíritos dos justos aperfeiçoados no santíssimo lugar, se tudo o que for nosso, o que for do homem for despojado, e revestido de Cristo (Col. 3.8-14). O perfume do incenso é arte do perfumista, e o único perfumista capaz de oferecer este incenso é Cristo. Ele é o perfumista, o incenso e o próprio altar. Aleluia!

Na mesa dos pães podemos ver o homem representado nos 6 pães enfileirados, assim como nas lâmpadas do candelabro de ouro, mas no altar de incenso não. Neste altar tudo é santo, tudo é divino, é de ouro, puro e santo. O altar de incenso nos mostra quem deve ser adorado: Deus; mas também nos mostra a essência para a adoração que é Cristo. E ainda mais, o meio para que isto se cumpra: o Espírito Santo. Este incenso não é qualquer petição, é pedir como convém em adoração a Deus. É algo tão santo e puro que uma vez que entendemos sobre este altar, vemos que não temos capacidade por nós mesmos de oferecer algo a Deus. Graças ao Senhor que em Cristo, e no poder do Espírito podemos (Rom. 8.26). Há também o dom de línguas que nos ajuda neste ministério (I Co. 14.2).

As Escrituras quando dá testemunho do ministério sacerdotal dos santos nas orações, sempre dá como intercessores. Quando Jesus ora por si mesmo ele apenas apresenta a Deus as suas fraquezas, mas em seguida se sujeita inteiramente à vontade de Deus. Assim é também nas duas vezes com Paulo. No caminho de Damasco (Atos 9) e depois quanto ao espinho na carne (II Cor. 12). Mas em ambas, no caso de Paulo, é para trazer revelação e não para adoração. A adoração vem em seguida, depois da revelação. O que não é intercessor não serve para adoração. Toda oração que não é intercessora será revelada pelo altar de bronze, pelo mesa dos pães e pelo candelabro, pela comunhão através do ministério da Palavra de Deus e pela obra de Cristo na cruz, porque tudo converge para Ele no seu sacrifício, e depois pela voz do Senhor no santo lugar.

Isto é algo fundamental no que diz respeito à oração como incenso no altar de ouro. Vamos imaginar uma oração que nos é comum. Por exemplo: - Senhor me supra financeiramente este mês. Ou: - Senhor me cure desta enfermidade. Estas são orações que serão reveladas no santo lugar, na comunhão pela Luz da Sua Palavra, na base da obra da cruz. Neste caso o Senhor dirá: - Quanto as suas necessidades, não te deixarei, nem nunca te desampararei. Eu suprirei todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Quanto as suas enfermidades, já as levei todas no corpo do meu Filho sobre o madeiro. Pelas suas pisaduras estais sarados. A graça do meu Filho te basta. Amém.

Já no santíssimo lugar, no altar de ouro a oração é em adoração, com revelação. Depois de ser revelada a Sua Palavra podemos entrar no santíssimo, pelo sangue de Cristo, e adorarmos ao Senhor dizendo assim (claro que é um exemplo porque necessitamos do auxílio e poder do Espírito, porque sem o Espírito de Cristo não há como o incenso exalar o suave cheiro): - Senhor grande em força e poder, bondoso e misericordioso, que não deixa nem nunca desampara os seus filhos, pois és fiel. Deus nosso Pai, que não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós; pelo sangue precioso de Jesus nos achegamos a ti, e te louvamos por nos dar em Cristo tudo o que diz respeito à vida e a piedade. Por isso descansamos na sua providência, pois como o Senhor nos deu o seu Filho, como também não nos dará com Ele graciosamente todas as coisas! Obrigado por tão grande amor, e pela cura porque tu és o nosso Jeová Rafá (Êx. 15.26), o Deus que perdoa e que sara todas as nossas enfermidades (Sal. 103.3). Amém.

O ministério sacerdotal que se faz na Casa de Deus quanto às orações são no Espírito e sem cessar. Tanto a comunhão, como o ministério da Palavra e as orações são um ministério continuo na Casa de Deus; nunca cessam, é um estatuto perpétuo por todas as gerações (Êx. 30.8). Vemos claramente o testemunho do Senhor através desses ministérios no início da Igreja, em Atos capítulo 2, no verso 42. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolo, na comunhão, no partir do pão e nas orações. O partir do pão, como já vimos, faz parte da mesa do Senhor. Este é o nosso tempo, mas este ministério vem perseverando na Casa de Deus de geração a geração.

Na essência aromática havia três tipos de especiarias. E elas tinham que ser temperadas com sal (Êx. 30.34). Uma parte delas moída, e a outra para ser colocada diante do testemunho. Que figura bendita de Cristo e do nosso conhecimento dEle no ministério intercessor! Segundo o entendimento que tenho, que não é definitivo diante da autoridade do Espírito na Igreja, é que no ministério intercessor são necessários três ingredientes: a fé, a esperança e o amor, frutos de Cristo. Tudo conservado pela aliança de Deus conosco em Cristo. O sal como nos diz Levítico capítulo 2, no verso 3, é o que conserva tudo, é a aliança eterna do Senhor conosco em Cristo. Sem esta aliança em Cristo tudo seria morto e estéril, mas em Cristo tudo foi sarado (II Reis 2.21). Aleluia!

Por isso algo que é fundamental no sacerdócio que se faz na Casa de Deus, que está ligado ao altar de ouro nas Escrituras é a santidade pessoal. Por isso os sacerdotes só entravam para o ministério aos trinta anos de idade. Há um tempo necessário de crescimento na vida cristã. Mas da idade de vinte anos já eram chamados para serem ensinados e preparados.

A pia de bronze mostra que mesmos os sacerdotes que estavam prontos para o sacerdócio não podiam entrar para o serviço sem antes lavar as mãos e os pés. Nesta pia não havia sangue para perdão, mas água para purificação. Lembra do que disse Jesus a Pedro em João capítulo 13, no verso 8? Isso mesmo, para o ministério sacerdotal é necessário que as nossas mãos e os pés estejam limpos; isto é, as nossas obras e os nossos caminhos estejam santificados. O coração purificado e o corpo lavado (Hb. 10.22).

Sabemos que já estamos lavados, que já estamos limpos pela Palavra que Ele tem nos falado (Jo. 15.3). Não a Palavra como letra, mas a Palavra viva e eficaz (Heb.4.12). Esta Palavra que Jesus se refere é a Palavra que já nos lavou, que já é realidade em nós, que é vida em nós {revelado pelos espelhos das mulheres que compunham a base da pia de bronze, que também fala Tiago (Êx. 38.8, Tg. 1.23)}. Se a Palavra não for realidade em nós com toda certeza o nosso ministério sacerdotal estará comprometido. Como diz Tiago, será como contemplar o rosto natural no espelho e logo se esquecer de como é. O rosto tem que resplandecer a glória do Senhor (II Cor. 3.18).

Ligado a pia está o óleo da unção. Se não estivermos limpos certamente faltará o óleo sobre a nossa cabeça; faltará unção no nosso ministério sacerdotal porque as obras das nossas mãos estarão comprometidas. A falta de pureza compromete a unção, o enchimento e o poder do Espírito que tudo tem nos ensinado (I Jo. 2.27). Ela fará com que não sejamos agradáveis a Deus (Ecl. 9.7-8). A unção é a graça e poder do Espírito para toda boa obra na Casa de Deus; para toda obra preparada por Ele de antemão. A carne aqui para nada aproveita (Êx. 30.38, Jo. 6.63). Esta Palavra é para mim, antes de ser para os irmãos.

Como o incenso tinha especiarias, o óleo da unção também. Enquanto o óleo da unção desce da cabeça (Sal. 133), o incenso, as orações, súplicas e ações de graça em adoração sobem para Deus. Enquanto o incenso mostra as orações com fé, esperança e amor, tudo temperado com a aliança em Cristo, a unção que vem pelo Espírito revela toda a graça de Cristo à sua Igreja. Tanto o incenso como o óleo levavam 4 especiarias. Vejam o número quatro novamente! Como a figura quadrangular da Igreja, os quatro ingredientes das especiarias mostram a comunhão do Pai, do Filho, do Espírito e da Igreja, isto é, de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito descendo, manifestando-se, revelando à Igreja o seu amor, graça, e comunhão (I Cor. 13.13), subindo depois a Ele como resultado o suave cheiro de fé, esperança e amor. O amor faz parte das duas coisas, do que resulta o óleo e o incenso, pois, amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro (I Jo. 4.19). O amor é o vínculo da perfeição (Col. 3.14).

Por isso, para que a Casa de Deus seja de alimento espiritual, comunhão, e verdadeira intercessão e adoração temos que ser moídos, isto é, tratados, preparados, lavados e ungidos pelo Senhor, tudo pelo caminho da cruz. Tendo em si mesmos o testemunho de Deus: Cristo. Sem esta unção e pureza não podemos oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus.

Além do ministério sacerdotal de Cristo a ser restaurado na Casa de Deus, é necessário também vermos pela restauração do muro e das portas, a continuação do testemunho do Senhor a ser restaurado por Deus. O muro e as portas nos revelam a separação, a santidade do povo de Deus do mundo. A separação do que é santo do que é profano, do puro do que é impuro, do vil do que é precioso. Do que pode ser aberto e do que tem que ser fechado. Como também para proteger o povo do inimigo. Continua...

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