A RESTAURAÇÃO DE DEUS

PARTE VI - A CASA DE DEUS

 

Olhando para a Palavra de Deus e para a restauração do testemunho do Senhor, vemos que a Casa de Deus só é edificada depois do altar e do fundamento. No princípio da Igreja também vemos esta ordem: Primeiro o Cordeiro de Deus sendo sacrificado, depois ressuscitado e andando com os discípulos por 40 dias. Ele sendo estabelecido como o fundamento, a pedra angular, e depois o Espírito sendo derramado formando e edificando o Corpo.

É que nós olhamos para o que vemos, mas Deus não vê como vê o homem. Todo o prazer de Deus está em seu Filho e quando Ele não vê o Filho, ainda que para nós, o que temos e vivemos pareça riqueza, para Ele é miserabilidade, nudez, pobreza, e cegueira (Apoc. 3.17). Na restauração, Deus não usa o que está caído, mas tira para fora as que são suas, e as faz retornar para Ele. Vai adiante delas e elas o seguem (Jo. 10.4).

Como na restauração do segundo templo em Israel, todo o povo que foi despertado a restaurar não estava na terra, mas na Babilônia. Isto traz alguma luz para você? O que significa a Babilônia, ou Babel para Deus? Deus nunca edificará na Babilônia, por isso tira de lá as que são suas, e as traz para a terra, para Cristo, o lugar onde escolheu para ali por o seu Nome.

Igreja quer dizer isto mesmo: aqueles que ele tirou para fora. A Casa de Deus nunca poderá ser edificada em terra estranha. Nunca poderá ser edificada junto a outros deuses, e nunca poderá ser substituída por outro projeto, principalmente por um projeto humano. Mas queremos enfatizar algo importante: o povo na restauração é trazido da Babilônia. Não é a diáspora, no qual o povo volta de outras terras, mas na restauração da Casa o povo vem da Babilônia, do mundo religioso e idólatra.

Deus deseja uma Casa para Ele, e este é o seu projeto inicial. O projeto não era a salvação, mas uma edificação. A salvação só foi necessária por causa do pecado. Tanto é assim que quando Ele diz: "far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea" (Gên. 2.18), esta palavra "far-lhe-ei" no hebraico, seria melhor traduzido por 'edificarei'.

As Escrituras é muito clara quando afirma que nós somos a sua noiva e futura esposa; pedras vivas, edificadas à partir da pedra angular, do último Adão: Cristo. Deus não quer pedras apenas, e muito menos um monte de pedras espalhadas. Como diz o apóstolo Pedro, Cristo é a pedra angular, e nós achegados a Ele, isto é, uma pedra encaixada a outra pedra, e outras sendo postas acima das outras, a partir dEle, somos edificados como casa espiritual, para sermos sacerdócio santo, a fim de oferecermos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo (I Pd. 2.4-5).

O escritor de Hebreus também se refere a esta edificação feita por Deus como a Sua Casa, quando diz: "Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim" Hebreus 3.4-6.

Esta Casa somos nós; são todos os que crêem. Tanto no tabernáculo, como no templo, a sua glória, o seu 'shekinah' só se manifestou porque tudo foi feito conforme o modelo que foi dado por Deus e o modelo era do céu. O que era modelo se tornou realidade no dia de Pentecostes, quando a sua glória desceu sobre aquelas 120 pessoas, e permanece sobre a sua Igreja em todas as gerações, até o dia de hoje. A partir daí não foi mais necessário o templo, e ele foi totalmente destruído e segue até hoje. O povo de Israel quer reerguê-lo, mas Deus não necessita mais dele, pois já tem o seu santuário.

Em João 2, dos versos 13 a 21, Jesus profetiza acerca da sua Igreja. O título fala de purificação do templo, mas Jesus não desejava purificar aquele templo; naquele momento estava falando que aquilo que sempre foi uma figura, ia se tornar realidade nEle. O templo ao qual Ele se referia, era o templo do seu corpo, não o físico, pois já profetizava sobre a Casa do seu Pai, a Casa espiritual que é o seu Corpo, o qual Ele é a cabeça, e os filhos de Deus o seu complemento (Ef. 1.22-23).

Jesus chamou aquele templo de casa de negócios, porque tudo o que não é a Sua Casa, e que não tem a Sua Presença, a glória de Deus, é uma casa de negócios. Aquilo que por muitos é chamada de casa de Deus se tornou uma casa de negócios (Jer. 7). Deus não habita em templos feitos por mãos humanas. Se o Senhor Jesus não for o cabeça da igreja; se a sua Presença e a Sua Glória não estiver sobre ela, nunca irá considerá-la como a Sua Igreja.

Aquilo que se conforma ao mundo é chamado por Deus de Babilônia, que teve o seu início em Babel. As coisas de Deus se discernem espiritualmente, e tudo o que é aparente, visível, não pode ser chamado de Sua Casa. A Casa de Deus é um templo vivo, edificada com pedras vivas, a partir da pedra angular. Ela é espiritual, é celestial.

A Casa de Deus também não tem beleza exterior. Como no tabernáculo, a sua glória só podia ser vista no seu interior. Quem olhava de fora via algo esquisito, apenas peles de animais, mas o seu interior era glorioso. Por fora mostrava a humanidade de Cristo, mas por dentro a sua divindade.

Ao contrário do mundo que quer mostrar coisas visíveis e que sejam atrativas aos homens, a Igreja do Senhor não tem beleza nem formosura para que a desejem. Ela é pobre e fraca na sua aparência (Apoc. 2.9 e 3.8). Um dia será gloriosa, como pedra preciosíssima, diáfana como o cristal, mas hoje tem a mesma aparência do tabernáculo e de Cristo em sua humanidade. Quem a vê de fora não acha nada atrativo nela, porque a sua Glória está no interior, na Pessoa de Cristo, que é a vida dos seus santos e que está no meio do seu povo.

No tabernáculo, os pecadores só podiam entrar no átrio, somente os sacerdotes viam a sua Glória interior, e apenas o sumo sacerdote via toda a sua Glória no santíssimo. Hoje, como sacerdotes reais, podemos ver a Sua Glória e ministrar na Sua Casa. Somente o nosso Sumo Sacerdote conhece toda a Sua Glória. Somente Ele penetrou os céus fisiscamente, mas já podemos gozar da Sua Glória na medida que já somos a Sua Casa. E por Cristo, temos acesso ao santíssimo lugar, pelo caminho novo e vivo que Ele nos inaugurou (Heb. 10.19-20); este santíssimo é o nosso próprio Deus.

Se tentarmos visualizar a Casa de Deus, ou sem entendimento chamarmos um lugar de Sua Casa ou Sua Igreja, correremos o risco de perder aquilo que o Senhor tem edificado. Quando Deus deu a Moisés e a Davi o desenho da Casa, esse desenho era do céu. Hoje gozamos daquilo que é o verdadeiro tabernáculo que Deus fundou e não o homem (Heb. 8.2). Hoje vivemos a realidade daquilo que para eles era apenas um modelo, uma figura. Esta realidade é espiritual e não visível.

Se não olharmos com os olhos espirituais, vamos estar em grande confusão, e continuar causando divisões entre o povo de Deus. Todo filho de Deus ministra neste santuário, pois é um sacerdote real. Quando Deus olha para a Sua Igreja a vê completa, com Cristo como o cabeça dela, uma parte do seu complemento no céu, e outra aqui na terra (Ef. 3.14-15). Por isso três dão testemunho no céu, e três na terra, mas o Espírito é o único que dá no céu e na terra, porque este é o seu ministério, o de dar testemunho (I João 5.7-8).

A Casa de Deus ou a Igreja de Jesus Cristo são todos os santos no céu e na terra, e o Senhor Jesus a cabeça sobre todos. Por isso todo filho de Deus já chegou ao monte de Sião, à Cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, à Universal Assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a Deus, ao juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus cabeça sobre todos (Heb. 12.22-24). Não é algo palpável como diz o verso 18, mas de fé. Um reino inabalável.

Se chamarmos um lugar de igreja, ou excluirmos qualquer irmão, mesmo alguém que já esteja no céu, ainda não entendemos o que é a Casa de Deus, ou a Igreja do Deus vivo. O que chamamos de igreja, aquilo que é visível, palpável, o Senhor chama de mundo na parábola do joio e do trigo (Mat. 13.36-43).

A Casa de Deus é espiritual e só a vêem os verdadeiros adoradores. Como Jesus disse à mulher samaritana, quem adora no monte, ou precisa de um templo para adorar, adora o que não conhece (João 4.20-24). Deus é Espírito e tudo o que se relaciona com o seu mundo também é espiritual. Há muitos que se chamam adoradores, mas Deus procura verdadeiros adoradores, como disse Jesus, que o adoram em espírito e em verdade.

Em Hebreus 3.5, a Palavra diz que Moisés foi fiel sobre a casa de Deus como servo. Essa deve ser a nossa atitude para com a Casa de Deus. Ele com todo o conhecimento do Egito podia colocar as suas mãos e conhecimento para edificar o tabernáculo, mas não o fez, se portou como um servo fiel.

Davi também queria fazer uma casa para Deus, e Deus revelou a ele a Igreja quando disse: "...o Senhor te declara que ele te fará casa... senão que também falaste da casa do teu servo para tempos distantes" II Samuel 7.11 e 19. Se Deus deixasse Davi fazer uma casa para Ele, e com certeza ele já tinha o projeto em seu coração, como seria? Ele tinha capacidade e condições financeiras para fazer, pois já tinha feito uma linda casa para ele, mas Deus não aceitou o seu projeto, ainda que majestoso, porque certamente não expressava Cristo, mas a glória humana.

Deus é quem nos tem feito Casa. Ele é o arquiteto e edificador dessa obra. Na construção do tabernáculo e do templo Moisés e Davi foram servos fiéis, servos obedientes. Da mesma forma como o Senhor os guardou de fazerem uma casa para Ele, que o Senhor nos guarde também de fazer algo para Deus com as nossas próprias mãos, inteligência, e condições financeiras.    

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